segunda-feira, 30 de maio de 2011

Keep it simple!

domingo, 29 de maio de 2011

A receita da História

História se faz assim:
Você conjuga o verbo
Que reverbera no tempo e no espaço.
Não há paredes, nem barreiras que sirvam de obstáculos
À um tempo único para vidas que não resistem à sua infinitude
É, pois, difícil ver o todo, quando se é uma pequena parte deste
Então procuramos atribuir sentido
E a História se faz assim.

sábado, 28 de maio de 2011

Café com Feijão

Acordei e vesti uma roupa qualquer.
Fui à padaria.
Voltei.
Fiz café.
Tava horrível.
Joguei fora.
Fiz outro.
...e desisti.
Tomei um suco de caixinha
E comecei meu dia.
Fui fazer faxina
Na cozinha
E então resolvi fazer feijão
Deixei no fogo
Na panela de pressão
Fui até a sala ligar pra minha amiga
O papo estava bom
Queimei o feijão!
Separei o toicinho
Joguei o feijão fora
Lavei a panela
Tudo cheirando à queimado
Fiz outro feijão
Resumo: desperdício do dia e da comida.
Só espero que o feijão fique bom.
Espero que fique bom.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Microscópico

O cheiro do asfalto molhado me inebriva de uma inexplicável nostalgia
Dava para ver a fumaça subir quando a chuva tocava o asfalto quente
Todo esse vapor exalado parecia um simultâneo trago de vida
Que envolvia, qual um nevoeiro rasteiro, a superfìcie em uma fina camada de partículas suspensas

E são nessas horas que o tempo costuma parar.

domingo, 22 de maio de 2011

Antes de dormir

Sozinha no quarto penso: é tarde
E então, já é hora de dormir.
Olho para a cama e me deito
Faz frio e a cama está fria
Me enrolo em um edredon branco e macio
E tento me aquecer
Por uns instantes, sem se mexer, permaneço
Até sentir que consegui aquecer um pouco a cama
Mas os pés continuam gelados
Então, me levanto e visto uma meia.

Timidez

"O meu amor te procura, te encontra, te despe e te cora
Te veste de amor que consola
E vem e cresce e desponta
Se desencontra e disfarça
E se dispersa em anseios
Se perde no meio, mas volta
Pro mesmo lugar de onde veio.
As minha mãos de maneiras veleiras buscam o teu corpo
Que se faz morto, mas treme
Se minhas mãos tocam o leme do rumo dos teus sentidos
Que adernam com o medo de amar
Vislumbram o porto e navegam
De volta pro teu alto mar
De volta pro teu alto mar
De volta pro teu alto mar"

sábado, 21 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

The state of inertia

I wish I could escape from myself
But the only thing I get, It's me on my bed
Thinking, wondering, imagining, all the revolutions
That I could possibly make on my state of inertia.
It was just a thought.
Were just thoughts.

Nova epiderme

Quando cheguei no topo da montanha,
O vento me tocou com aspereza,
E meu rosto parecia sangue na neve.
Tentei descer mais, porém não conseguia
Meu corpo já estava inerte
E as articulações estáticas.
Aí, o vento virou brisa,
Porém meu rosto já não era o mesmo.
Tampouco meu corpo.
Nova epiderme
Mesma rota,
E outro jeito de caminhar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Classe Média

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos”
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mais eu “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em Moema
O assassinato é no “jardins”
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida.


                                                                      
                                                                               Max Gonzaga