domingo, 23 de maio de 2010

Auto retrato

Onde fostes parar que não te vejo?
Procuro e não te encontro.
Corro pelos cômodos e nem sinto o teu cheiro
Vasculho gavetas e não há rastros...
Nem sequer um retrato, que me faça lembrar de ti.
Fico num indo e vindo infinito
Revisitando cada passagem ao teu lado
Como se o tempo tivesse voltado,
Falo sozinha, choro e dou gargalhada
Danço e rodopio contigo ao meu lado,
Mas no final é só minha imagem no espelho
E mais nada.

domingo, 9 de maio de 2010

O Efêmero, O Eterno

Já fui tola, e continuo sendo
Já fui aquela do canto da sala, sem amigos
Já passei tanto despercebida
Que acho que já fui invisível
Já procurei caminhos viáveis
Que me levaram a destinos distantes
Já senti aquela palavra que só tem em nossa língua
Me dar um nó na garganta
Mas mesmo na tentativa de matá-la
A saudade continuo tendo
E sei que sempre terei
Já briguei só com um olhar
E vi como era fácil brigar
Já disse adeus sem nunca me despedir
Por detestar despedidas,
Tenho a mania de sumir
Já fiz cada bobeira, cada idiotice
Que sem parar pra pensar
Nesse acumulado de imperfeição que sou
Assumo aqui minha mea culpa
Do extremo prazer e dor de minhas limitações
Do ser que sou
Do ser que conjuga o verbo
Que erra e acerta
Com ou sem intenção
Já fui, sou e serei
São tantas coisas...e,
Tantas coisas são...

Fome

No meio de uma folha
De repente um poema.
Sem música, sem rima
Apenas palavras esparsas
A tentar construir um sentido
Sem pretensão de fazer algum.
E a tinta vai deslizando,
Abrindo caminho na imensidão alva.
Por entre linhas serpentina
Uma sensível emoção,
Que se desprende das próprias palavras
E letras.
Se lançam ao meu peito
Num profundo mergulho
Direto à alma da memória
Vivida ou aspirada
Não importa. Já está dentro.
Teve sua função
Mesmo sem pretensão
Fecho os olhos
E me alimento.

domingo, 2 de maio de 2010

Preto e Branco

Uma imensidão alva se reveste em um mar negro de tinta
Não há vistas para um farol de uma idéia que me ilumine
O norte não norteia meu caminho, que assim sendo, segue só sem destino.
A liberdade é corda frouxa da forca prestes a se arrochar,
E nela prendo-me e ajusto
Regulo no poder de adaptar.
Vou, sempre de alguma maneira,
Abrindo e fechando portas e janelas dos diversos mundos que permeio
Sem nunca saber a qual pertenço.